sexta-feira, 21 de junho de 2013

O porquê do Blog






Meu nome é Álvaro, nascido e crescido até os 20 anos em Fortaleza, de onde saí em 1992 com destino à terra da garoa. Ao longo de todos esses anos morei em Guarulhos, Pinheiros, Vila Mariana, Paraíso, Morumbi e, nos ultimos sete anos, na minha querida Vila Madalena.

Sou profissional do mercado financeiro de toda a vida e passei uma parte da vida trabalhando na região da Paulista, cujo transporte público é uma maravilha para quem precisa andar três estações de metrô entre a Brigadeiro e a Consolação, nos dois extremos da avenida. Nessa época, entre 1995 e 2001, a vida era uma tranquilidade. Ia a pé de casa pro Banco, voltava igual.

Em 2001 fui convidado a trabalhar em Brasília e lá me fui para o cerrado. Com relação ao trânsito, é uma cidade sensacional pra se viver, desde que você more e trabalha dentro do Plano Piloto. Pouco atasco, cidade super bem recortada. Uma maravilha. Apesar de ter feito amigos e vivido amores por lá, voltei pra São Paulo exatamente um ano, dez meses e doze dias depois de aportar na Capital. Tinha saudades da fauna domingueira da Paulista, dos dias frios, da correria, enfim, da dura poesia concreta de suas esquinas... morria de saudades de um monte de coisas e gente e percebi que já havia sido infectado pelo mal da cidade grande.

Apesar desse amor todo, todo paulistano que se preze tem uma raiva danada dos problemas crônicos da cidade. É muito trânsito. É muita violência. Os governos entram e saem, e a qualidade do transporte público continua complicado. Acontece até umas coisas curiosas.

A integração do trem com o metrô, na inauguração da linha amarela há poucos anos, piorou a qualidade dos trens que cruzam a marginal pinheiros, justamente porque um volume brutal de pessoas foi beneficiado pela integração. Antes da estação Pinheiros existir, quem usava a linha verde (Paulista) e quisesse pegar o trem da pinheiros (linha 9 da CPTM) tinha que descer na Vila Madalena e usar um serviço de van chamado "Orca" que cruzava o bairro para levar as pessoas até o trem. Dez por vez, imagine. Hoje, pode-se contar milhares de pessoas fazendo a baldeação entre o metrô e trem em uma questão de minutos. Por alguma razão inexplicável, o governo de São Paulo se disse "surpreso" com o volume inesperado de novos usuários do serviço, e a vida de quem usa a integração metrô-trem é bem complicada.

A superlotação do transporte público afasta quem pode ter seus luxos -- as classes médias e altas, especialmente, que preferem o conforto dos seus próprios veículos, mesmo com o inferno do trânsito. Os mais abastados a terem até um carro exclusivo para o dia do rodízio. E eu faço parte desse grupo há exatamente 10 anos. E invariavelmente estressado, mesmo dentro de um belo sedan de cambio automático. E cansei disso. Não quero mais perder compromisso a noite, não jantar com a família, colocar minha filha na cama, deixar de fazer minha aula de violão. E além disso, chegar em casa mais mais doído pelo trãnsito que pelo dia de trabalho em si.

Cansei. Levei dez anos pra tomar uma atitude, influenciado por um grupo de vanguardistas que, na minha [até então] opinião, se iludiam que São Paulo poderia ser uma Amsterdam. Estava errado. Pode-se sim mudar a cultura de uma cidade em pouco tempo, e as ciclofaixas estão aí para mostrar isso.

A minha mudança de atitude tem causado tanta curiosidade entre meus amigos que resolvi colocar essa nova (e sensacional) experiência no papel. Ou melhor, no blog. Aguarde os próximos posts. Por enquanto, clique aqui (atenção: com som).

Alvaro.